
Compreendendo o glioma infantil
O glioma infantil é um tipo de tumor cerebral que afeta as células da glia, responsáveis por proteger e sustentar os neurônios. Trata-se de um grupo heterogêneo de tumores, com variações em comportamento, localização e grau de agressividade. Os gliomas são os tumores cerebrais mais comuns na infância, podendo ser de baixo grau (como o astrocitoma pilocítico) ou de alto grau (como o glioblastoma).
Esses tumores podem ocorrer em diferentes regiões do cérebro e da medula espinhal e apresentam sintomas variados, como dor de cabeça persistente, alterações na visão, convulsões, vômitos, dificuldades motoras e cognitivas. O diagnóstico precoce e o acesso rápido ao tratamento adequado são fatores essenciais para aumentar as chances de controle da doença e preservar a qualidade de vida da criança.
Classificação e tipos mais frequentes
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os gliomas infantis são classificados em graus de I a IV, sendo:
- Grau I e II (baixo grau): crescimento lento, maior taxa de resposta ao tratamento.
- Grau III e IV (alto grau): crescimento acelerado, maior agressividade.
Entre os tipos mais comuns na infância estão:
- Astrocitoma pilocítico (grau I)
- Astrocitoma difuso
- Glioma de tronco encefálico
- Glioblastoma multiforme (grau IV)
Cada caso requer uma abordagem terapêutica personalizada, que pode incluir cirurgia, radioterapia e quimioterapia. Quando a cirurgia não é possível, como nos gliomas de tronco, o uso de medicamentos quimioterápicos torna-se uma ferramenta central no controle da doença.
O papel da quimioterapia no tratamento infantil
Na oncologia pediátrica, a quimioterapia é usada tanto para reduzir o tamanho do tumor antes da cirurgia quanto para impedir que ele volte a crescer. É uma alternativa importante quando a localização do tumor impede a cirurgia segura, especialmente em regiões delicadas como o tronco cerebral ou o quiasma óptico.
Entre os quimioterápicos mais utilizados em gliomas infantis está o sulfato de vincristina, que apresenta bons resultados especialmente em tumores de baixo grau. Esse medicamento é parte integrante de diversos protocolos internacionais e nacionais de tratamento de tumores do sistema nervoso central em crianças.
O que é o sulfato de vincristina?
O sulfato de vincristina é um agente antineoplásico classificado como um alcaloide da vinca, utilizado em diversos tipos de câncer, incluindo leucemias, linfomas e gliomas. Sua principal ação consiste em impedir a divisão celular, bloqueando os microtúbulos essenciais para a multiplicação das células tumorais.
Na prática clínica, a vincristina é administrada por via intravenosa, em ciclos geralmente semanais. Em crianças com gliomas, ela costuma ser usada em associação com outros agentes como a carboplatina, dependendo do protocolo adotado pelo centro oncológico.
Nomes comerciais e disponibilidade
No Brasil, o sulfato de vincristina está disponível sob diferentes nomes comerciais, incluindo:
- Tecnocris® – fabricado pela Zodiac
- Fauldvincri® – da Libbs
- Oncovin® – marca tradicional da Pfizer (em alguns mercados)
- Vincristina Accord®
- Vincristina Bergamo®
Essas versões são bioequivalentes e seguem os critérios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para eficácia e segurança. O preço de uma ampola de 1 mg/mL gira entre R$ 39,00 e R$ 50,00, valor que pode parecer acessível isoladamente, mas se torna um custo relevante em tratamentos de longo prazo.
Efeitos colaterais e cuidados durante o tratamento
A vincristina, apesar de eficaz, pode causar efeitos colaterais que exigem monitoramento. Os mais comuns incluem:
- Constipação intestinal;
- Perda de apetite;
- Queda de cabelo;
- Neuropatia periférica (formigamento ou fraqueza nos membros);
- Supressão da medula óssea (em menor intensidade que outros quimioterápicos).
Por isso, o acompanhamento médico contínuo, com exames laboratoriais e avaliações neurológicas, é fundamental para garantir a segurança e o bem-estar da criança durante o tratamento.
O plano de saúde deve cobrir a vincristina?
Sim. Conforme a Lei nº 9.656/98 (Lei dos Planos de Saúde) e a Lei nº 14.454/2022, os planos de saúde são obrigados a fornecer medicamentos prescritos por médicos para o tratamento de doenças cobertas, mesmo que esses medicamentos estejam fora do rol da ANS — desde que haja evidência científica e respaldo técnico.
A vincristina possui ampla utilização, está aprovada pela Anvisa, e integra diversos protocolos oncológicos reconhecidos nacional e internacionalmente. Portanto, a recusa de cobertura por parte do plano de saúde pode ser considerada abusiva e pode ser contestada judicialmente.
Posso conseguir o medicamento pelo SUS?
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vincristina em hospitais de referência e centros oncológicos habilitados. No entanto, há casos em que o fornecimento é irregular ou o medicamento está indisponível na rede pública. Nesses casos, a família pode buscar o fornecimento judicialmente, com base no direito constitucional à saúde.
Para isso, é necessário apresentar:
- Relatório médico detalhado com CID, indicação do medicamento e justificativa técnica;
- Exames que comprovem o diagnóstico;
- Documento que comprove a negativa do SUS, se houver;
- Orçamento em farmácias (quando a compra particular for necessária).
Com esses documentos, um advogado especializado em judicialização da saúde pode propor ação contra o Estado ou a União para garantir o acesso imediato ao tratamento.
A importância do suporte jurídico especializado
O tratamento do câncer infantil é um processo que exige agilidade, precisão e apoio multidisciplinar. Quando há negativa do plano de saúde ou do SUS, buscar apoio jurídico especializado pode ser determinante para garantir o fornecimento contínuo e seguro da medicação.
Advogados que atuam na área da saúde conhecem os caminhos legais e têm experiência para agir com rapidez, obtendo decisões liminares que assegurem o início imediato da quimioterapia com vincristina — preservando o direito à vida e à dignidade da criança.
Considerações finais
O glioma infantil é uma realidade difícil para muitas famílias, mas o avanço da medicina, aliado à atuação correta de profissionais da saúde e do direito, tem permitido que crianças recebam tratamentos cada vez mais eficazes, como o sulfato de vincristina.
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